segunda-feira, 30 de maio de 2011

 
Vou contar um segredo: consigo fugir, mentir, fingir, desistir, deixar tudo para o outro dia - ou os outros meses. Me desculpe, sou de verdade.
 Não gosto de vidas maquiadas e pessoas sem cara amarrotada de manhã. Isso, para mim, tem aquele tom amarelo falsidade.
E eu gosto de tudo, até mesmo do que não gosto. Só que detesto falsidade.
A insônia é falsa, pois ela faz com que você gaste muitos reais em divãs, muitos reais em contas de telefone, muitos reais em cremes para a volta dos olhos. A insônia, meu amigo, nos deixa quase pobre. E você fica naquele vira-vira tentando achar a causa. É que na vida tudo tem um motivo, você sabe.

Dizem que o amor não tem preço, discordo. Você precisa abrir mão de alguns eus. O eu-egoísta, o eu-individualista, o eu-que-não-precisa-dar-explicações. Entenda que o preço, muitas vezes, é alto. Você não é mais sozinho, anda lado a lado com outra pessoa. Esse caminhar duplo implica muitos ganhos, é claro, e algumas perdas. Você precisa perder para poder ganhar cada vez mais. No começo é natural que você observe os lados antes de atravessar a rua. Depois, digo com conhecimento de causa, você atravessa correndo ou lentamente, tanto faz a velocidade, o fato é que você perde certos cuidados. Se for atropelado, azar. É o risco de viver. Um risco delicioso, diga-se de passagem. E o amor de verdade não vem de passagem, ele fica. Você faz sacrifícios porque quer. Não gosta de futebol, mas o outro gosta, então você assiste junto porque quer, sem obrigações, culpas ou deveres. Nelson Rodrigues dizia que todo amor implica uma servidão e que a tal servidão é voluntária, ela precisa ser voluntária. Então, depois de ficar grande, eu entendi. Quando eu pensava que amava achava que o outro me devia algo. Me devia carinho, atenção, cuidado. De alguma forma eu cobrava, exigia e por isso, claro, não dava certo. Fiquei grande e descobri que aquilo tudo lá de trás, aquele filminho da minha vida era todo em preto e branco. Agora o filme tem cor, legenda, um belo cenário e um personagem principal. Tudo de graça. Sem cobranças, dívidas, mágoas ou frustrações. Porque quando vem de dentro a gente faz o possível para ver o outro feliz. Quando é de verdade a gente dá satisfação e a satisfação nem parece satisfação, pois não soa como tal. Soa leveza. Cheira a leveza. Tem sabor de leveza. Quando é real é leve. E o principal: não dói

Minha vista preferida. Cidade maravilhosa!

Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.